domingo, 27 de outubro de 2013

EU E O VESTIDO VELHO






















RETORNANDO

Cá estou novamente me expondo
Queria simplesmente andar com meus pés
Caminhar por uma estrada verde
Queria estar totalmente descalça
Livre... Com um vestido velho e confortável...
Varrendo nos carrapichos e nos matos
Carregando comigo o cheiro da liberdade...
Os galhos secos, as flores murchas, se agarrariam a minha saia
Não daria satisfação a ninguém dos meus passos

Minha mente cheia de pensamentos ordenados
Rimas, frases agrupadas, hora se afinam hora se engrossam,
O sentimento do meu coração cinquentão
Já bateu tanto... Chorou tanto de alegrias e tristezas
Já perdi tanto... Estou novamente em prantos
Um sentimento medonho de quem só sabe quando sente
Os poetas não são gente...
São bichos aprisionados em corpos humanos

Tenho tanta saudade dos meus primeiros anos.
Retorno à poesia depois de um tempo
Estou enfrentando barras
Barras da idade, de compromissos sociais,
Estou em plena ativa do estresse
Não na ativa do que imaginei um dia

Minhas mãos estão cada vez mais soltas
E enrugadas, a vida está passando apressada,
Os dias enfadonhos com trabalhos sem fim
Desarrumam meus cabelos e me dá pesadelos
Que medo da melhor idade!







domingo, 9 de setembro de 2012


O AMOR E O ÓDIO

São dois sentimentos que caminham lado a lado
O amor todo inocente se faz o mais belo dos afetos
Mas o ódio vem para quebrar o tédio

O amor se acha a mais linda das flores
O ódio o mais forte dos espinhos
O ódio fura até o limite da dor
O amor se ilude pensando que pode sarar a dor

O ódio e o amor são como a colher e a faca
Enquanto a colher acolhe
A faca vem, corta e mata.

O amor vai rezando para tudo da certo
O ódio descrente te leva para o inferno
E assim vamos sendo manipulados

Um dia acordamos apaixonados
Noutro descobrimos que fomos enganados
E o ódio assume o posto do amor
Que um dia se achava superior.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O BELO E O TRISTE




Porque o triste é belo?
E o belo triste?
Por que amor rima com dor?
O triste é o amor que findou...
O que não criou raiz
O de Romeo e Julieta?
Era tão belo
Por que Romeo morreu?
E Julieta não sobreviveu?
Por que foi tão triste
Tinha que haver o veneno?
Para essa historia famosa acabar trágica.

O sofrimento é triste
E se for por um nascimento de filho...
É belo e maior não existe
Quem disse que o belo não é triste?
A vida é um verdadeiro inferno
Hora se estar triste diante do belo

E a famigerada morte...
Tem alguma beleza?
Quando se vê tanto sofrimento num irmão...
Pede-se a Deus para que a morte chegue logo 
É ai que a morte se torna bela
Para aliviar a triste dor.

Não tem consolo para a vida
Vivemos em crise...
Entre o belo e o triste
Alguns dizem que a neve é bela
Outros se incomodam com o frio
O sol às vezes é um enorme castigo
Não existe tempo belo nem triste
A primavera seria uma era ideal
Mas ela é só o triste passando por belo





sábado, 1 de outubro de 2011

SE EU FOSSE


Se eu fosse o ar...
Enxeria seus pulmões
Se eu fosse o tempo
Te arrebataria pra junto
Se eu fosse a água
Te molharia pra te enxugar
Se eu fosse o samba
Ditava as batidas do seu coração
E mexeria com seu corpo
Com suas cadeiras
E molas
E te deixaria com dor nas costas
Te faria uma massagem
Beijaria sua face
Contaria uma historia
Para não deixar-te ir embora
Te faria dormir
E sonhar comigo
E acordar apaixonado
E muito feliz
De ter-me ao seu lado

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

REPOETIZANDO

Volto a escrever

Revivendo o antigo e o novo

Estou triste e só de novo

Bateu novamente o banzo

Ai vem à tona o carrossel de palavras...

Loucas

Por me deixarem tonta

De tanto pensar

Coordenado

Desse jeito arrumado

Somente isso

Estou cá de volta de novo

Ao abismo

Que vive

Em mim

Nunca imaginei

Ser tão sozinha

Assim.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O FAROL DO CALCANHAR

Na praia de Touros tem um farol

Distante do asfalto

Mas alto e vistoso

É de cima a baixo listrado

De preto e branco


Ele foi posto num ângulo

Agudo e profundo

Tal qual a curva de um calcanhar

Por isso ele também é chamado

Tal proposito foi alcançado


Ele do Brasil é o maior

E do mundo foi há tempos o segundo

Em concreto armado

Mais parece de ferro pintado

Pelo seu intenso brilho


O farol plantado na areia

Contagia quem passa de dia

E de noite ilumina os amantes

E os poucos navegantes

Com sua luz possante


O farol também presencia

Um corpo desnudo que na areia se bronzeia

E o que se banha nas águas frias da praia

Enchendo a vida

De amor e felicidade


Ao fechar-me os olhos posso ver seu encanto

Já fui muitas vezes ao seu encontro

Por você fiquei hipnotizada

Diante de sua beleza sou algemada

Para sempre luz preta branca e prateada

domingo, 4 de setembro de 2011

VENTANIA




Balança do coqueiro a palha
Da moça a saia
Sopra de manhã e madrugada

Arrasta de tão magrelo o moleque
Que brinca sozinho
Descalço sem afeto e sem ninho

Poeira cai nos olhos
O mar bravo e revolto
O mês é de agosto

Quando chegar setembro
Talvez haja mais alento
E deixe quieto o vento

Vai ventania...
Quem sabe um dia...
Traga mais sorte pra mim.